sábado, 9 de abril de 2011

Só de Sacanagem

Elisa Lucinda


Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta a prova?

Tudo isso que está aí no ar malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e de seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais!

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração ta no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha vó e os justos que o precederam: não roubarás, devolva o lápis do coleguinha, esse apontador não é seu minha filha.

Pois bem! Se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear, mais honesta ainda eu vou ficar!

Só de sacanagem!

Dirão: deixa de ser boba desde Cabral que aqui todo mundo rouba!
Eu vou dizer: não importa será esse meu carnaval, vou confiar, mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês, com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambal.

Dirão: é inútil todo mundo aqui é corrupto desde o primeiro homem que veio de Portugal e eu direi não admito minha esperança é imortal. E eu repito, ouviram? IMORTAL.

Sei que não dá para mudar o começo, mas se a gente quiser vai dar para mudar o final.

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